Amava os gatos profundamente.
Amava-os e respeitava-os.
Identificava-se com eles.
Amava sua solitude.O seu só ser.
Não conseguia entender aquelas pessoas que viviam a reclamar de solidão.
Tivera desde sempre, muito claro , o sentimento de ser só.
Nascera só.
Não dividira o útero materno com nenhum irmão gêmeo. E também, se o tivesse feito, na hora do parto, só haveria espaço para um de cada vez.
Tinha também a certeza de que se por ventura morresse num desastre daqueles de grandes proporções – aqueles que vende muita revista, e que é noticia por muito tempo – cada alma teria seu próprio momento.
Seguia então o seu caminho pela vida.
Os gatos, como ela, também, seguiam seus próprios caminhos.
Quando queriam, faziam com que eles se cruzassem.
Quando ela chegava a casa, iam à porta recebê-la.
Arqueavam as costas, esfregavam-se em suas pernas, marcando-a com o seu cheiro.
Ou então arranhavam seus sapatos, olhando fixamente nos seus olhos.
Demonstravam imenso prazer em ter-la de volta ao lar.
Satisfeitos com ritual de saudação e sedução, ocupavam-se novamente de si mesmos.
Eles a tinham, quando eles queriam.
Quantas vezes ela encontrava-se frustrada, carente, tentava então manter um deles em seus braços.
Queria acariciá-lo, aliviando a sua necessidade de toque.
Eles sujeitavam-se por segundos.
Concediam-lhe míseras esmolas de sua boa vontade. Mas assim que o abraço afrouxasse um pouco, um salto ágil o colocaria em um local seguro. Onde então fariam uma higiene vigorosa procurando livrar-se rapidamente de toda sensação daquele contato indesejado.
E ela ficaria com as mãos vazias.
“Gatos só fazem o que querem, quando querem.”
Não precisam... ter que sorrir sem vontade,
ter que ir querendo ficar,
ter que falar querendo calar...
Que inveja!
Agosto 2000
Com Sophia é a mesma coisa.
ResponderExcluirAprendo dia a dia a arte de só ser, me ensina a ser só mesmo rodeada de tudo ou nada.
Majestade.
Acho que por simpatia, ou velhice as vezes tenta ser cachorro. Mas não por muito tempo, não foge a sua natureza.
Gata é gato.
Gostei muito.
Marie
Você foi chegando aos poucos...
ResponderExcluirTeria sido num daqueles encontros de amigo secreto?
Amiga da amiga, que ficou amiga...
O tropeço virtual...e a grande descoberta:
Sophia! e o mundo felino.
Um amor em comum! Bem vinda!
Pois é murphy brown... o mundo felino e dos encontros fortuitos nos encanta.
ResponderExcluirO mundo dos blogs, bastante novo para mim, também me encanta.
Obrigada pelas boas vindas, seja bem vinda você também.
Gosto de ler vocês.
Saudações felinas.
Marie
O importante é ser feliz... esta é a lei dos animais, vamos esquecer os "TENHO QUE" e vamos VIVENCIAR a vida amando cada minuto que dispomos e fazendo algo que nos faça feliz, que possamos ao final de cada dia recitar como a criança inocente que diz:
ResponderExcluir" hoje estou feliz,
não tive um dia vazio,
trabalhei, não fui vadio
e não fiz mal a ninguém."