O prédio de mármore, granito, sei lá, dinheiro público gasto sem parcimônia.
No pátio da entrada principal, deitado, imóvel, um cachorro. Parece morto de tão quieto. As pessoas passam por ele, e ele não se mexe.
Eu também passo devagar e meu coração se aperta.
Cheguei cedo, preciso esperar que a repartição pública abra suas portas e comece seu expediente.
Sento na escada de granito. Ou mármore.
Olho de soslaio para o cão, que permanece deitado. As pessoas também continuam passando ao seu lado. Um funcionário do órgão, grande, forte, bem composto com seu uniforme, mostra sua eficiência e, com toda autoridade, enxota-o.
Ele se levanta, magérrimo, encardido e, obedientemente, de cabeça baixa, rabo entre as pernas, sai.
Eu, impotente, choro. Sentada naquela escada de mármore. Ou granito.
Outubro de 2008
No pátio da entrada principal, deitado, imóvel, um cachorro. Parece morto de tão quieto. As pessoas passam por ele, e ele não se mexe.
Eu também passo devagar e meu coração se aperta.
Cheguei cedo, preciso esperar que a repartição pública abra suas portas e comece seu expediente.
Sento na escada de granito. Ou mármore.
Olho de soslaio para o cão, que permanece deitado. As pessoas também continuam passando ao seu lado. Um funcionário do órgão, grande, forte, bem composto com seu uniforme, mostra sua eficiência e, com toda autoridade, enxota-o.
Ele se levanta, magérrimo, encardido e, obedientemente, de cabeça baixa, rabo entre as pernas, sai.
Eu, impotente, choro. Sentada naquela escada de mármore. Ou granito.
Outubro de 2008
" Nao sou nada.
ResponderExcluirNunca serei nada.
A parte isso tenho em mim todos os sonhos do mundo.
... ...
E vou dormir à soleira da porta como um cão tolerado pela gerência. " FP.
Adorei o pqueno conto. Triste e singelo. Me lembrou Pessoa, como podes ver.
Me levou a mim mesma.
Feliz Ano Novo.
Mesmo nós os gatos, temos alguma parte de cão abandonado dentro de nós.
Mas nossa parte felina logo salta e se esgueira por entre os pneus dos carros, os vãos de cerca, ou as pontas dos sapatos da gerência.
Podemos passar os natais escondidos em baixo do pinheirinho, mas " quando a onça sai, o mato é nosso".
Estive aqui antes da virada do ano e juro que te escrevi um longo comentário no post anerior. Não sei o que aconteceu com ele.
Você anda muito inspirada e eu estou voltando. Feliz por Tê encontrar assim.
Grande beijo.
Marie