quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Gordo só de fode...desde guri.

Na década de setenta os hippies começaram a chegar em Garopaba. Foram seguidos pelas tribos de surfistas. Chegaram também os veranistas.

Para quem é fã de geografia, Garopaba está localizada na Costa Franca, um dos melhores destinos turísticos do Brasil, cerca de setenta quilômetros de Florianópolis.
Boas ondas atraem seus apaixonados e o local é famoso por muito surf, sendo inclusive sede se campeonatos mundiais.

Outdoors espalham-se pela cidade:
“Surf aprende-se na escola”
Portanto à beira mar existem escolinhas de surf para veranistas que não querem fazer feio. Ou que pelo menos tem a intenção de voltar para casa contando vantagem, mesmo que seja uma meia verdade:
“Cara precisava ver a onda que peguei em Garopaba!”
A tal "onda" estava no tornozelo e ele tomou um “pacote”, mas deixa prá lá...

Lagarteava à beira mar. Hoje em dia não se toma mais sol. Ele é do mal! Evidentemente estava protegida por camadas e mais camadas de protetor solar 120 (alguém se lembra de óleo de urucum com coca cola? Até exercício fazei, pois tinha que correr das abelhas), mais chapéu, óculos de sol, (só faltava a roupa de amianto como a dos astronautas) embaixo do guarda sol e depois da dezesseis horas. Comme il fault!

Chegaram então quatro instrutores e seus respectivos pupilos.
Oba! Eu iria assistir de camarote uma aula de surf.

Eram três crianças maiores com cerca de dez, onze anos, dois meninos e uma menina. E uma menina menor de mais ou menos cinco anos.
Todos vestiam sleeves, que para quem não conhece o vocabulário, é aquela roupa esquisita de surfista.

A menina pequena, e o casal de crianças eram magros. Bem magrinhos eu diria.
Já o outro menino...
Bem... sem querer ser maldosa, ou politicamente incorreta, ele era...gorducho. Ele me lembrava o Jake, do seriado Two and Half Men. Gordo caricato.

Vestido então naquele sleeve estava ridículo!
A roupa é justa.
Muito justa.
Nele estava justa, sim.
Mas em gomos. Como uma abóbora na horizontal
Aqueles pneus que a gente abomina?Bem esses.
Várias camadas deles.

Os instrutores desenharam então uma prancha na areia, e demonstraram a forma de deitar sobre ela, o movimento a ser feito com os braços, e como colocar-se em pé.
- Entendido?
Os magrinhos, incluindo a menina pequena logo pegaram o jeito de surfar na areia.

O gordo...
Eu pensei:
“Isso não vai dar certo!”

Enquanto os três já colocavam seus lashes (até então eu só conhecia eye lashes- lashe é aquilo que é colocado no tornozelo do surfista, que impede que a prancha vá parar na África), o gordo ainda estava remando deitado na areia.

Tive um segundo de distração. Não sei se foi o carrinho de sorvetes, o milho verde ou a água de coco. Mas no minuto seguinte lá vinham os magrinhos em pé sobre suas pranchas até a beira da praia. Faziam até pose como aquele ex-namorado surfista da Gisele Bündchen. Como era mesmo o nome dele? Slater?

O gordo?
Depois de muito esforço, conseguira finalmente levanta-se do chão e entrava na água, saltitante, atrás do seu instrutor, que carregava a sua prancha.

Cada vez que eu olhava para a menina pequena, ela e seu instrutor estavam comemorando mais um sucesso, batendo as mãos direita, como fazem os jogadores de basquete ao fazerem pontos. Eu estava admirada com sua facilidade.

Em compensação vi o instrutor do gordo dando socos no mar, possivelmente pedindo para que este se abrisse e que Posseidon o levasse consigo para suas profundezas.
Ou quem sabe um tsunami soprasse-o para bem longe do gordo desajeitado.
“Por que eu?” deveria estar pensando.

O gordo caiu. Levantou. Com certeza engoliu galões da água salgada.
Já não mais saltitava atrás do infeliz instrutor. Arrastava-se.
Mas nem tudo estava perdido.

No último minuto... na última onda...ele permaneceu deitado na prancha, e consegui!
“pegar um jacaré!”
Deitado, belo e faceiro, lá veio ele deslizando até a areia.
Motivo para grandes celebrações.

Um hambúrguer duplo, dois Milk shakes quem sabe?
“Hei! Não se esqueça das fritas!”

04/01/07

2 comentários:

  1. Mais politicamente incorreto impossível! Por isso mesmo, MUITO BOM!

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  2. Mas a vida é politicamente incorreta, e tem mais... é cruel e sacana :) ainda bem!

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Afinal eu poderia estar caçando ratos, não é mesmo?