domingo, 2 de março de 2008

Mulheres de Talibã

Por mais que me esforce, por mais que procure sempre dar uma espanada no bolor do pré-conceito, e idéias antiquadas, eu confesso:
- Socorro! Não consigo, compreender o amor entre os jovens.
Ou
- Socorro! Não consigo compreender o amor nos dias de hoje.


Tá bom, vá lá...me rendo e vou dizer aquela frase lugar beeemm comum:
- No meu tempo...
No meu tempo as coisas tinham um principio, um meio e algumas vezes um fim.


Um exemplo?
Se fosse numa daquelas festinhas de garagem com luz negra, cuba libre, som da Jovem Guarda, o grupo das meninas estaria num canto, o dos meninos no outro. Os olhares se encontrariam, e depois de muitos risos e cochichos da parte delas, ele muito sem graça, viria tirá-la para dançar, ainda correndo o risco de “levar uma tábua”. E só.

No sábado seguinte encontrar-se-iam novamente, e o jogo de sedução persistiria. Ele poderia, quando muito acompanhá-la até em casa. Dançariam de rosto colado (hei! vocês sabem do que estou falando?)... as amigas sempre aos par das novidades:
-ele pegou na minha mão...
E o grande evento, era “pedir em namoro”.
Para tudo existia um timing. Tinha primeiro beijo, o primeiro namorado.


Hoje se fica. Com meia dúzia em cada festa. Não existe mais ritual algum.

Em meio a esse caos, qual foi a minha surpresa, ao receber a noticia do noivado da minha prima de vinte e um anos.
- Mas ainda usam isso?Pensei, pois na minha cabeça, noivados encontravam-se nos antiquários juntamente com vitrolas, e os long-plays do Jerry Adriani e Wanderley Cardoso.


Enfim, lá fomos nós para o jantar de apresentação das famílias. Gente que nunca se viu, sentados a mesa. Totalmente sem assunto, sal ou pimenta.
O noivado? Não durou o tempo de vir a fatura do cartão de crédito do pagamento do jantar.


Mas como a vida é cheia de surpresas, semana seguinte sua irmã ficou noiva de um rapaz que conhecera há um mês.
Recebi a noticia assim:
- Prima, estou ligando para te dar o novo número do meu celeular.
Eu, ingenuamente:
- Mudou por quê?
- Era uma oferta, compre alianças e ganhe um celular. Ah! Eu noivei!
- ?!?!?


Um mês depois viajamos todos juntos para passar um final de semana na praia.
Logo no segundo dia o noivo teve uma pequena contusão quando jogava futebol, mas sabe como são os homens, na sua própria opinião já estava tetraplégico e resolveu voltar para casa imediatamente.


Ela bela e faceira, fazia o ritual para ir para a praia se melecando com bronzeador enquanto ele gemia feito um touro atingido por bandarilhas numa tourada.

Resolvi meter minha colher, chamei-a num canto e disse:

(Atenção feministas, vocês, que queimaram souitens em praças publicas, vocês que lutaram pela emancipação feminina, aconselho que parem a leitura aqui mesmo. Sob o risco de se aborrecerem profundamente, terem sérios efeitos colaterais como náuseas enjôos e dores de cabeça, parem. Se continuarem é sua própria conta e risco.)
Para outras mulheres que não se importam em esquentar a barriga no fogão e refrescá-las no tanque, continuemos...


Eu lhe disse que se ele realmente decidisse ir embora, ela deveria ir com ele.
Ela candidamente me pergunta?
- Por quê?
Ai meus sais...
- Você não é noiva dele, guria?
Precisa ser companheira, estar junto. Você já assistiu cerimônias de casamento, pois não? Ouviu o padre dizer: na alegria e na tristeza, na saúde e na doença...
- Hei, espere aí! Eu ainda não sou casada com ele. Além do mais, só tenho uma semana de férias por ano e vou aproveitá-las.


Foi então que a 14ª. Mulher do Sultão se apoderou de mim.
- Você não está casada com ele, mas se pensa assim, nem case. Pois num casamento tem que estar junto, tem que acompanhar. Onde ele estiver você também tem que estar. Se for preciso vai usar burka, e andar dez passos atrás dele.


Ela me olhou muito arregalada.
As coisas se acalmaram, milagrosamente ele foi curado e foram os dois juntos para a praia, ela de biquíni mesmo, sem burka, caminhando lado a lado.


Eu sei que exagerei. Mas foi proposital.
Essas meninas pensam que noivar é tão somente comprar a aliança que vem com o celular, e colocar no dedo e apresentar o rapaz como “meu noivo”.


Imagino que a idéia que façam do casamento seja trocar a aliança para a outra mão, e apresentar o noivo como “meu marido”.

Brincar de casinha também vale.
E separar logo em seguida, porque não deu certo.


O que elas nem imaginam é que nós mesmas somos quem somos as responsáveis por fazer dar certo... ou errado.

O quanto custa ser gentil?

Estar atenta a pequenos detalhes?

Fazer o prato dele num jantar na casa de amigos?

Ele está a fim de discutir? Sair de perto. Se um não quer, dois não brigam.

Ele só pode tomar sol às sete da manhã? Ela só vai à praia depois do meio dia?

Ele tem horários rígidos e ela não?

Negociem. Conversem, cheguem a um consenso do que for melhor para os dois.

Mesmo irmãos que são criados juntos, são tão diferentes, uns dos outro. O que dizer, então de pessoas que vem de famílias diferentes, com outros costumes e educação.

Sem diálogo, não existe amor que sobreviva.
Nem se usar burka para se esconder dos problemas. Com certeza um dia eles virão á tona.


04/01/07

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Afinal eu poderia estar caçando ratos, não é mesmo?