domingo, 2 de março de 2008

Socorro Língua Portuguesa

Estava lendo um livro de crônicas, quando me deparei com o seguinte texto, que tomo a liberdade de resumir:

“Um rapaz perde sua jovem esposa. Num baú encontra um xale que ela havia comprado anos atrás e nunca usara, aguardando uma ocasião especial. Ele entrega o xale à cunhada que está encarregada de vestir a irmã para o funeral”

Certamente Tico & Teco não estavam de acordo no momento em que li o texto. Pois quando li a frase: “um rapaz perde sua jovem esposa”, a primeira coisa que pensei foi numa moça vagando numa floresta... perdida.

Então, ele “entrega o xale para a cunhada vestir “... A palavra funeral passou meio de despercebida. O texto estava sem nexo. Confuso.

Tinha uma moça perdida na selva. A sua irmã estava usando seu xale, que lhe fora dado pelo cunhado. Teriam eles um caso?
Resolvi reler. Mais uma vez. E outra.
Que horror! Que mente pervertida. Estava fazendo mau juízo de toda a família. Tudo por conta de uma palavra mal empregada.


Por que não foi dito logo de cara que a moça morreu? Ou faleceu? Ou desencarnou como preferem os Espíritas?

Eu perco chaves... aliás, com relação as ditas cujas, não as perco, simplesmente não sei onde as ponho.
Perco algumas gramas e ganho alguns quilos logo em seguida.
Perco coisas dentro das minhas bolsas e tenho que vira-las de cabeça para baixo para descobrir quais os mistérios que elas escondem.


Gente quando se perde, coloca-se anuncio no rádio, televisão, jornal, dentro dos ônibus, tem aquelas mensagens da Internet (essas não sei se são reais, mas não vem ao caso agora), dizendo que a pessoa de nome tal, conhecida pelo apelido de, que na ocasião vestia-se de azul, ou verde, ou qualquer cor, e calçava tênis, ou havaianas, ou o que quer que seja, desapareceu nas imediações de tal lugar. Que se gratifica quem fornecer informações a respeito.
Animais de estimação perdem-se deixando crianças e adultos doentes...


Eu não sou a pessoa mais indicada para fazer correções na nossa língua pátria. Como os finais das palavras, os “esses” do plural, e o que seria de mim sem as correções automáticas do Word. Não sou nenhum Rui Barbosa.
Mas existem certas coisas que ferem meus ouvidos.

Esse tal de perder ao referir-se a uma pessoa que morreu é uma delas.
Quer saber outra?

“Eu acho que...”
Acha o que, cara pálida?
Ouro?
Petróleo?
Um buraco para enterrar a cabeça?

Quem acha, acha alguma coisa.
Achar é sinônimo de encontrar, e não de pensar.
Portanto, da próxima vez que for emitir a sua opinião, não ache o que não perdeu. Diga:
“eu penso, eu sinto, em minha opinião...”
Ou melhor, se não souber o que dizer, não diga nada. Fique de boca fechada, pois assim não corre o risco de dizer besteira.

E preste atenção ao pedir qualquer coisa que seja. Se começar a frase dizendo: “Eu queria...” seu interlocutor pode com todo o direito lhe dar as costas e nada mais, pois se querias, no momento presente, não quer mais.
Presente do verbo querer é: “eu quero!” e ponto final.


05/01/07

Um comentário:

  1. A língua é um rio caudaloso enquanto a gramática (com todos seus compêndios, dicionários, etc) é uma lagoa... Parada!
    Se não fosse assim, não diríamos que fulano tá fodido, contiruaríamos a afirmar entre sussurros fulano está 'coitado'. Coitado... de 'coito'... né?
    Também sou resistente a muitas coisas em relação à nossa amada língua. Mas tem algumas contra as quais somos impotentes!!!! Menos contra o gerundismo! Eu vou estar comentando seu blog sempre vc NUNCA vai me ouvir dizer ou escrever! Ops!

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Tenho interesse em saber sua opinião sobre meus textos.
Afinal eu poderia estar caçando ratos, não é mesmo?